NR: Segundo o professor Plínio Corrêa de Oliveira e muitos outros autores, há um processo revolucionário encaminhando os homens para um estado de coisas diametralmente oposto a Civilização Cristã. Esse processo iniciou-se visivelmente a partir da Renascença, depois seguiu com a Pseudo-Reforma, a revolução francesa, o comunismo e mais recentemente com a revolução da Sorbonne (maio de 1968). Estas revoluções formam um único processo, uma única Revolução. Vejamos abaixo como o professor Plínio Corrêa de Oliveira trata de um aspecto dela: a negação do pecado.
Plínio Corrêa de Oliveira
(Extraído do livro Revolução e Contra-Revolução)
Dentre os múltiplos aspectos da Revolução, é importante ressaltar que ela induz seus filhos a subestimarem ou negarem as noções de bem e mal, de pecado original e de Redenção.
A Revolução é, como vimos, filha do pecado. Mas, se ela o reconhecesse, desmascarar-se-ia e se voltaria contra sua própria causa.
Explica-se, assim, porque a Revolução tende, não só a passar sob silêncio a raiz de pecado da qual brotou, mas a negar a própria noção do pecado. Negação radical, que inclui tanto a culpa original quanto a atual, e se efetua principalmente:
• Por sistemas filosóficos ou jurídicos que negam a validade e a existência de qualquer Lei moral ou dão a esta os fundamentos vãos e ridículos do laicismo.
• Pelos mil processos de propaganda que criam nas multidões um estado de alma em que, sem se afirmar diretamente que a moral não existe, se faz abstração dela, e toda a veneração devida à virtude é tributada a ídolos como o ouro, o trabalho, a eficiência, o êxito, a segurança, a saúde, a beleza física, a força muscular, o gozo dos sentidos, etc.
É a própria noção de pecado, a distinção mesma entre o bem e o mal, que a Revolução vai destruindo no homem contemporâneo. E, ipso facto, vai ela negando a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sem o pecado, se torna incompreensível e perde qualquer relação lógica com a História e a vida.
EXEMPLIFICAÇÃO HISTÓRICA: NEGAÇÃO DO PECADO NO LIBERALISMO E NO SOCIALISMO
A. A conceição imaculada do indivíduo
Na fase liberal e individualista, ela ensinou que o homem é dotado de uma razão infalível, de uma vontade forte e de paixões sem desregramentos. Daí uma concepção da ordem humana, em que o indivíduo, reputado um ente perfeito, era tudo, e o Estado nada, ou quase nada, um mal necessário... provisoriamente necessário, talvez. Foi o período em que se pensava que a causa única de todos os erros e crimes era a ignorância. Abrir escolas era fechar prisões. O dogma básico destas ilusões foi a conceição imaculada do indivíduo.
A grande arma do liberal, para se defender contra as possíveis prepotências do Estado, e para impedir a formação de camarilhas que lhe tirassem a direção da coisa pública, eram as liberdades políticas e o sufrágio universal.
B. A conceição imaculada das massas e do Estado
Já no século passado, o desacerto desta concepção se tornara patente, pelo menos em parte. Mas a Revolução não recuou. Em vez de reconhecer seu erro, ela o substituiu por outro. Foi a conceição imaculada das massas e do Estado. Os indivíduos são propensos ao egoísmo e podem errar. Mas as massas acertam sempre, e jamais se deixam levar pelas paixões. Seu impecável meio de ação é o Estado. Seu infalível meio de expressão, o sufrágio universal, do qual decorrem os parlamentos impregnados de pensamento socialista, ou a vontade forte de um ditador carismático, que guia sempre as massas para a realização da vontade delas.
A REDENÇÃO PELA CIÊNCIA E PELA TÉCNICA: A UTOPIA REVOLUCIONÁRIA
De qualquer maneira, depositando toda a sua confiança no indivíduo considerado isoladamente, nas massas, ou no Estado, é no homem que a Revolução confia. Auto-suficiente pela ciência e pela técnica, pode ele resolver todos os seus problemas, eliminar a dor, a pobreza, a ignorância, a insegurança, enfim tudo aquilo a que chamamos efeito do pecado original ou atual.
Um mundo em cujo seio as pátrias unificadas numa República Universal não sejam senão denominações geográficas, um mundo sem desigualdades sociais nem econômicas, dirigido pela ciência e pela técnica, pela propaganda e pela psicologia, para realizar, sem o sobrenatural, a felicidade definitiva do homem: eis a utopia para a qual a Revolução nos vai encaminhando.
Nesse mundo, a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo nada tem a fazer. Pois o homem terá superado o mal pela ciência e terá transformado a terra em um “céu” tecnicamente delicioso. E pelo prolongamento indefinido da vida esperará vencer um dia a morte.
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