Na natureza há um fato muito singular e também impressionante: a metamorfose da lagarta em borboleta.
O que era um bicho feio e rastejante passa a se tornar uma singela e frágil borboleta que com suas cores e voar incerto alegra e enfeita os jardins.
Salvo as devidas proporções, pode-se considerar também que as pessoas são psicologicamente susceptíveis a metamorfoses, não de forma determinista, mas de forma consentida.
Por causa dos diversos matizes é difícil traçar princípios absolutos a esse fenômeno psicológico que atendam todas as situações possíveis, mas observo que em algumas pessoas essa metamorfose é sincera e em outras é apenas por mero interesse político.
Muitos marxistas - nem todos -, por exemplo, desde a década de 40, começaram a se metamorfosear; de agressivos passaram a ser sorridentes. Evidentemente, isso não passava de uma mera metamorfose de interesse essencialmente político, pois o objetivo era uma desmobilização psicológica do ocidente em relação ao comunismo.
Outro exemplo de metamorfose por interesse político é o caso das eleições equatorianas. Em 15 de Janeiro de 2007, no Equador, o governo esquerdista e populista de Rafael Correa, recentemente eleito, tomará posse da presidência.
Depois de perder no primeiro turno Correa se viu obrigado a adotar a tática da metamorfose. Os eleitores centristas equatorianos, diante do apoio formal de Hugo Chaves e dos discursos extremistas do candidato, resolveram votar no seu opositor: o empresário Álvaro Noboa. A vitória deste não foi suficiente, gerando assim um segundo turno.
Perante essa situação, Rafael Correa amenizou o discurso, passando a se mostrar moderado, dizendo que não era comunista, afimando-se católico praticante, chegando ao ponto de demonstrar simpatias aos EUA e prometendo se distanciar de Chavez caso ele queira se intrometer em assuntos internos do Equador. A tática deu certo e o resultado foi uma expressiva vitória.
O problema é que nossa lagarta não se transformou verdadeiramente. Ela apenas está fantasiada de borboleta, vestida com asas e anteninhas, para agradar o eleitorado centrista - setor onde se encontra o maior número de seus eleitores.
Segundo o chileno José Miguel Insulza, secretário-geral da OEA, "Correa fez um grande esforço, um esforço maciço, para apresentar no segundo turno um programa moderado que atraiu uma quantidade imensa de eleitores.” Mas alertou: “[Ele] terá de responder por todo esse eleitorado”.
Uma pergunta fica no ar: até quando a lagarta irá se manter fantasiada de borboleta?
Penso que Rafael Correa, no momento em que o ambiente se mostrar propício, irá tirar a máscara de moderado, pois em entrevista a rede de TV Canal 8 ele lembrou a aliança que tem com Hugo Chávez: “Vamos nos aproximar muito, muito de Chávez”, embora ressaltando que seu governo será independente da Venezuela: “Chávez é meu amigo pessoal, mas na minha casa não mandam meus amigos, mando eu. E no Equador, serão os equatorianos”.
Enquanto a opinião pública equatoriana souber que lagarta é lagarta e borboleta é borboleta, não será muito cedo que veremos a queda da máscara.
A lagarta choca os olhos de muitos centristas e conservadores. O problema virá apenas se a extrema esquerda equatoriana souber aplicar na mente dos seus compatriotas uma espécie de anestesia, onde a opinião pública passe a não se importar com a presença da lagarta. Que Nossa Senhora de Quinche, padroeira do Equador, proteja os equatorianos dessa manobra.
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Frase
"A Revolução Francesa começou com a declaração dos direitos do homem, e só terminará com a declaração dos direitos de Deus." (de Bonald).
São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 2006
1 comentários:
Amei o blog, hoje em dia nos olham torto quando dizemos que somos conservadores! Eu precisava de um espaço assim. Sobre o post: atitudes como essas só mostram como esse povo da esquerda não presta. Por exemplo, tem alguém mais elitista que o Lula e o Fidel? Não!
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