Causa-me espanto em ver que, no Brasil, nada ainda tenha saído sobre o caso Walesa na imprensa.
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Há pouco, conversei pelo telefone com um jornalista amigo, Paulo Henrique Chaves, sobre o fato que está se passando na Polônia. Caso que ele até então desconhecia.
Falei-lhe sobre o livro polêmico que será lançado naquele país de autoria dos historiadores Sławomir Cenckiewicz (foto ao lado) e Piotr Gontarczyk, membros do Instituto da Memória Nacional, entidade responsável pela investigação de crimes cometidos pelo nazismo e comunismo contra a Polônia.
O objetivo de tal publicação será demonstrar que Lech Walesa, ex-presidente da Polônia (1990-1994), sob o codinome de "Bolek", trabalhava para o serviço secreto comunista polonês quando dirigia, na década de 80, greves de trabalhadores através do movimento sindical Solidariedade.
O tema tinha interesse ao meu amigo jornalista, pois ele pertence a Agência Boa Imprensa e a representou, no ano de 1981, para interpelar, em Roma, o próprio Walesa.
(Foto ao lado: Lech Walesa)
Antes de apresentar como se passou tal interpelação, cabe dizer um pormenor que o Sr. Paulo Henrique Chaves me disse em nossa recente conversa. Contou-me que, em certo momento, Walesa dirigiu-se a ele dizendo: "Nós somos pelo socialismo!".
Nesse caso, penso eu, simples campesino, pode até ser que o livro polêmico não comprove que Walesa era um agente do Partido Comunista Polonês, mas nada comprova que ele não tenha sido um servo ideológico da mesma meta do comunismo. Pois o socialismo, perante o comunismo, não é oposição, mas apenas um caminho mais lento.
Segue o fato e com isto encerro este post.
Assim narra o livro Um homem, uma obra, uma gesta – Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira sobre tal fato:
As TFPs têm ocasião de interpelar diretamente o líder de "Solidariedade", em Roma.
Isto ocorre na manhã do dia 17 de janeiro de 1981, perante cerca de 200 jornalistas do mundo inteiro que se reúnem para a entrevista coletiva com o líder sindical, na Sala Stampa Estera italiana.
Ao lado direito do entrevistado encontra-se Tadeusz Mazowiecki, espécie de eminência parda de Walesa. Chama a atenção dos presentes, aliás, o fato de que o líder sindical só dá suas respostas após ouvir atentamente as palavras que T. Mazowiecki lhe sussurra ao ouvido.
A certa altura da entrevista, sr. Paulo Henrique Chaves, jornalista brasileiro – da Agência Boa Imprensa (ABIM) – na época responsável pelo Ufficio Tradizione, Famiglia, Proprietà, escritório para a representação das TFPs na Itália – recorda a Walesa que duas obras de autoria do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, Presidente do Conselho Nacional da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – A liberdade da Igreja no Estado comunista e Baldeação ideológica inadvertida e Dialogo – haviam sido vivamente contraditadas na Polônia pelos srs. Zbigniew Czajkowski, Tadeusz Mazowiecki e A. Wielowiejskì, nos órgãos "Kierunki", "Zycie i Mysl" e "Wiez".
O jornalista brasileiro lhe pergunta se havia tomado conhecimento dessa polêmica e, em caso afirmativo, qual sua opinião a respeito.
Depois de sugerir aos ouvidos de Walesa a resposta, o sr. T. Mazowiecki comenta desenxabido: “Não vim aqui polemizar com a imprensa brasileira".
As palavras articuladas pelo líder sindical nada respondem e se passa a outras perguntas.
Dois dias depois, em Varsóvia, o jornal "Slowo Powszechne" ("Palavra Universal") assim noticia o ocorrido:
"Um certo jornalista brasileiro começa um interrogatório [sic] sobre a ‘perseguição religiosa na Polônia’. Impaciente, Lech Walesa grita, a meia voz: `Isto é uma conferência ou uma pergunta?' Então, Tadeusz Mazowiecki, fleugmaticamente, constata: 'Vejo que no Brasil se vê o que se passa na Polônia melhor que na própria Polônia'.
"Em seguida, mas já inteiramente sério, retoma o problema da inspiração que a fé constitui para Lech Walesa, e esclarece: `Eu creio nisto como cada um crê em qualquer coisa" (7).
(7) Edição de 19-1-81, p. 2.
1 comentários:
Caro Edson:
Nada disso é surpreendente para quem leu o livro do Anatoly Golitsyn "New Lies for Old" lançado em 1984. Neste livro há um capítulo sobre o Solidariedade e o autor, baseado em evidências puramente lógicas sobre os objetivos do comunismo pós-Kruschev, que o movimento tinha o padrão de ser uma nova tentativa de obter apoio popular numa "virada" ou camuflagem do mundo comunista preparando para "derrocada" vista ao final da década. Pelo mesmo padrão pode ser interpretado o movimento chamado "primavera de praga"..
Acho que este adendo é necessário ao post..
LA
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