(Este artigo foi atualizado em 1/12/2009 às 23:07)
Trata-se de uma música da campanha monarquista do plebiscito de 1993. Infelizmente não conheço o nome do autor da letra e de seus intérpretes.
Clique abaixo para ouvir:
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(Veja, no final, como colocar essa música em seu blog)
Por decreto-lei sou repubricano,
pois quem decretô foi o Floriano.
Voto obrigado uma vez por ano,
capricho nos voto e faço meus plano,
mas no fim das conta entro pelo cano, oiá.
Cada vez que eu voto, voto deferente,
é prá vereador, é prá presidente,
voto num pilantra muito eloqüente
ou num carcareco que me mostra os dentes,
só não abro mão do voto consciente. (Oh! Eleição danada!)
O meu candidato topa desafio,
e promete ponte onde não tem rio,
e promete escola pra educá meus filho
e enchê meus bolso que nasceu vazio,
mas depois de eleito fica no macio. (Candidato bão, sô!)
O meu candidato é muito preparado,
corre atrás de voto que nem cão danado.
Já foi bem vermeio tá esverdiado.
Sabe despistar o que fáiz de errado.
Mas tem rabo de palha prá todo lado, oiá.
Candidato gosta é de cambalacho,
ele lá em cima, nóis aqui embaixo.
Prá ganhá os voto banca o cabra macho,
mas deixa o povão com cara de tacho.
Quero gente boa, mas eu nunca acho, oiá.
Pago muito imposto e quero melhoria,
nunca tenho vez, sempre entro em fria.
Acabô a verba, a caixa tá vazia,
Mas sobra de monte pro trem da alegria.
E quem sai ganhando é mesmo a quadrilha. (hahá! verba marvada!)
Sobe o candidato e pára o que o outro fez.
Inaugura obra três ou quatro vez,
o preço de uma dá prá mais de três,
vou votar de novo porque sou freguês.
Mas se eu pudesse punha no xadrez, oiá.
Essa tar repúbrica não me tapeia,
encheu tanto a cara, que já cambaleia.
Anda capengando que nem vaca véia
toda remendada e cada vez mais feia,
Doente terminal não há quem remedeia. (Aí, republica danada sô!)
Já bancou repúbrica triunfalista,
Foi nova repúbrica e foi getulista,
repúbrica véia parlamentarista,
era Brasil novo e já baixou a crista.
Mas o que resorve é ser monarquista!
***
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8 comentários:
Muito bom achado!
Posso estar enganado, mas para encontrar a autoria desta música, tente encontrar o Pedro Henrique dos Arautos do Evangelho. Tenho impressão que esta música foi feita pelo pai dele.
Valeu pelo achado! Tem mais?
Não gostei. Infelizmente, esse tipo de campanha pode até ser engraçadinha, mas faz da monarquia uma brincadeira. Monarquia rima com seriedade, tradição, respeito, dignidade, valores morais, religiosos e sociais elevados. Logo, a campanha deve ser séria e objetiva. Uma música irônica e cheia de erros de português para defender a monarquia, a meu ver, é absolutamente inadequado. Por outro lado, essa música, em particular, coloca a figura do caipira como um sujeito ignorante, que vota por obrigação em qualquer candidato ladrão (mesmo sabendo dessa condição) e, no final, opta pela monarquia para fugir disso tudo. Essa música acaba por criticar o instituto da eleição, que não desaparecerá na monarquia, pois o parlamentarismo dá maior poder e responsabilidade ao congresso eleito... É preciso que a campanha monárquica se concentre nos valores monárquicos da sociedade. Se esses valores não forem "valorizados" pela sociedade, poderíamos até restaurar a monarquia numa campanha baseada nessa doutrina da salvação da pátria, mas acabaríamos com um alguns primeiros ministros...
A cultura popular com seus "erros" de linguagem tem seu lugar ao sol também. Quem fez a letra e música, certamente um cantor e compositor popular do nordeste, tem seu direito de se expressar e manifestar, de seu modo, o apoio à monarquia. Proibir que o próprio povo se manifeste para deixar que só os intelectuais apareçam, não é muito democrático. Quanto à questão eleitoral... responsabilidade do Congresso, etc só num regime monárquico a democracia será legitimamente representada.
O nome do autor da letra é Francisco Leôncio.
Ele me enviou a correção da letra da música (já atualizada no blog) e a seguinte mensagem:
"Essa música é uma paródia da conhecida "Moda da Pinga". Tanto a letra dela quanto as das outras foram preparadas pelo mesmo autor do livro "Revivendo o Brasil-Império".
"Na primeira estrofe há uma coisa que pode gerar confusão, mas que eu só percebi depois.
"Historicamente, quem implantou a ferro e fogo a República foi o Floriano Peixoto, mas quem a proclamou foi o Deodoro, que já era velho e morreu logo. Fica parecendo no entanto que o autor errou, atribuindo a proclamação da República ao Floriano. O próprio D. Bertrand me falou disso. Se houvesse necessidade, eu faria uma adaptação, que seria mais ou menos assim:
"Quem me obrigou ser republicano
"Foi o Deodoro e o Floriano
"A letra contém muitas referências a costumes políticos, econômicos e sociais da época, dos quais não sei se o sr. participou. A intenção foi aproveitar a jocosidade da "Moda da Pinga" e fazer uma paródia que também fosse jocosa."
Independente de eu ser contra a monarquia, tem um verso que me chamou a atenção.
"Já foi bem vermeio tá esverdiado"
Parece até o Lula. Se é que vocês me entendem...
Logo, a música realmente não é expressão autêntica da cultura popular caipira em seu apreço pela coroa, mas uma paródia jocosa intencional, criada pela campanha monarquista. Nada contra, mas ainda considero que a ironia exagerada desgasta a imagem de seriedade da Monarquia, que esperamos que não seja apenas imagem, mas uma característica intrínseca. E mais, não podemos desmerecer as eleições em si, pois a proposta monárquica é parlamentarista, com congresso eleito e primeiro ministro, com uso "moderado" do Poder Moderador, ou seja, uma vez restaurada a monarquia no Brasil, o governo continuará sendo eleito e eventual dissolução do parlamento será exceção, não regra (se bem que, se continuarmos com o congresso que temos hoje, melhor que se o dissolvesse com regular freqüência...!!). Cordiais saudações.
Eu gostei muito da música. Achei criativo, parabéns ao autor dela.
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