Nigel Short enfrentou Kasparov pelo título mundial de xadrez em 1993. Ás seis horas, em ponto, o GM inglês se levantava para pegar uma tradicional xícara de chá.
O fato é antigo, mas vale a pena registrar.
Em 2008 ocorreu uma cena imprevista em uma competição de elite do xadrez mundial. No famoso torneio de Corus, Holanda, o Grande Mestre (GM) inglês Nigel Short estendeu sua mão para cumprimentar seu oponente, o número dois da Bulgária, GM Ivan Cheparinov, mas supreendemente este ignorou conscientemente a tradicional cortesia tão comum nesse esporte. A cena se repetiu novamente segundos depois quando acionado o relógio para inicio da partida.
Cheparinov disse que o motivo que o levou a se recusar a cumprimentar foi por causa de uma entrevista em que Short criticou a equipe de xadrez da Bulgária.
Para quem não conhece as leis enxadrísticas, atualmente a FIDE (Federação Internacional de Xadrez) pune com derrota tal falta de cortesia. Equivalente a um cartão vermelho. E foi o que exigiu o GM inglês. No vídeo abaixo podem ver ele levantando o braço para chamar o árbitro que nessa ocasião aplicou a pena.
Cheparinov posteriormente apelou da decisão, pois na época a lei não tinha ainda entrado em vigor. Jogou-se, então, um nova partida na qual Short venceu após seis horas de confronto.
Talvez para uma pessoa não habituada com o xadrez profissional, a pena possa ser vista como um exagero. Mas assim não pensam os atletas que dedicam grande parte de sua vida sob um tabuleiro de 64 casas e 32 peças.
Por exemplo, essa falta da mais simples ética exadrística provocou protestos de jogadores brasileiros. O legendário GM Mequinho (terceiro melhor do mundo na década de 70) disse que era inaceitável a atitude de Cheparinov e reclamou do abrandamento da pena. Na mesma linha de Mequinho, o jovem GM catarinense de nascimento mas curitibano de coração (espero! pois mora na capital paranaense) Alexandr Fier afirmou que o búlgaro merecia mesmo a derrota.
Portanto, novatos, xadrez não é jogo de damas, é esporte olímpico. E a cordialidade é uma regra do jogo.
3 comentários:
Meu padrinho realmente gosta de xadrez.
É bom ter um afilhado entre os leitores.
Saudações
Faz muito tempo que não jogo xadrez, por falta de adversário fico sem jogar e no computador não tem graça!
Malditos revolucionários, só querem saber dos prazeres mais baixos, forçando o xadrez ao esquecimento no nosso país!
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