Sim, não é brincadeira. Ontem participei do chat que a Agência Câmara promoveu com a deputada Teresa Surita (PMDB/RR) sobre o Projeto de Lei 7.672, mais conhecido como "Lei da Palmada".
Na reportagem que a Agência Câmara publicou no site sobre o bate-papo, meu nome aparece duas vezes no texto. É o primeiro e o último a ser citado. Confira aqui.
Apenas destaco a frase que faz jus ao título deste post:
A relatora retrucou o leitor Edson Carlos, que agradeceu aos pais pelas palmadas que recebeu na infância. “Talvez você fosse mais feliz sem as palmadas que recebeu. Elas marcam, a gente não as esquece. Educar não é bater”, reiterou Teresa.Em primeiro lugar, fico agradecido à Redação da agência por ter transcrito essa minha intervenção, é uma homenagem aos meus pais, especialmente à minha mãe cujo aniversário é no próximo sábado. Se não fossem essas palmadas, provavelmente hoje eu estaria apanhando da polícia e o trauma seria bem maior. Posso garantir à deputada que, ao menos no meu caso, bater educou, sim.
Em segundo lugar, sobre a reiteração da deputada, esse "talvez" na frase dela é o problema de todo esse projeto de lei. Teresa Surita escreveu no chat sobre as estatísticas que mostram como os adolescentes violentos haviam sofrido alguma espécie de violência na família, ou algo assim, pelo menos, não lembro agora.
Então fiz a seguinte pergunta:
"Boa tarde, deputada. Uma criança que não for educada com palmadas, é garantido que ela não será agressiva quando adulta?"
Veja como esse pensamento do "talvez" permeia a resposta dela:
"Edson Carlos, já está provado que crianças que são vítimas de maus tratos, de violência, tendem a replicar o modelo à medida em que entram na idade adulta. Garantir que uma criança que não sofreu maus tratos não será violenta é extremamente complexo. Porém, é muito mais provável que pessoas criadas em um ambiente saudável, equilibrado, não violento, apresentem um comportamento igualmente equilibrado e não violento quando adultos."
Ou seja, é mais ou menos o seguinte: como todo mundo, ou quase todo mundo, levou umas palmadas quando eram crianças, então é provado que todo bandido, drogado, assassino, corrupto, ladrão, etc, etc, etc, sofreu maus tratos quando eram crianças. Está provado e não adianta chorar.
Bom, mesmo assim, agradeço a deputada por ter respondido minhas perguntas de maneira solicita, embora eu não me tenha convencido com seus argumentos.
Apenas uma única questão ela não respondeu. Veja abaixo:
Deputada, esse projeto irá para votação mesmo que as pesquisas demonstrem que a opinião pública não quer a aprovação dele?
Dep. Teresa Surita: Sim. O Projeto de Lei será apreciado e votado pela Comissão Especial da Câmara especialmente criada com este objetivo. A sociedade, como sabemos, é complexa. E muda de opinião à medida em que compreende o verdadeiro alcance de iniciativas que visam criar um melhor ambiente de convivência para todos.
O que o projeto prevê para os pais que, mesmo advertidos, não deixarem de dar palmadas (não espancamento) em seus filhos?
Dep. Teresa Surita: O projeto não pune, reitero, o projeto educa. Esperamos que para os pais deixarem de bater em seus filhos as campanhas educativas os façam refletir sobre a maneira que estão educando. Podemos comparar com a lei da obrigatoriedade do cinto de segurança, que levou um tempo para as pessoas entenderem que usar o cinto salva vidas. Através das campanhas, do acompanhamento de equipamentos públicos já existentes para as famílias que precisem de ajuda, essa maturidade virá para os pais e, com isso, mudaremos esse comportamento.
Dep. Teresa Surita: É muito comum as pessoas dizerem: “eu apanhei, e hoje sou uma boa pessoa”. A pergunta é: será que você não seria uma pessoa melhor ainda se não tivesse apanhado?
Deputada, a pergunta que me faço é: será que eu não estaria hoje apanhando da polícia se eu não tivesse apanhado dos meus pais quando criança?
Dep. Teresa Surita: Talvez vc fosse mais feliz sem palmadas que recebeu. As palmadas marcam, a gente não as esquece. Educar não é bater!
[Detalhe: um pouco antes eu havia agradecido as palmadas que meus pais me deram, conforme está na reportagem da Agência Câmara.]
Deputada, qual sua posição sobre a legalização do aborto?
[Não houve resposta.]
6 comentários:
Dá-lhe Edson!!
N respondeu sobre o aborto, quem cala consente!
Ainda mais que o tal projeto de lei para proibir as palmadas é um iniciativa do Governo Federal que, ao contrário, não vê nenhum problema em esquartejar um bebê no ventre materno.
Esse pessoal, vou te falar! Então é isso? Talvez se a pessoa não tivesse apanhado ela seria melhor? Mas é um mundo de fantasia que esse povo vive né? É só olhar pros lados e ver que as pessoas mais inconsequentes são aquelas que os pais deixaram tudo "correr frouxo"!
Eles são desonestos mesmo, porque confundem o significado das palavras e fazem as pessoas aceitarem coisas absurdas. Pra espancamento já existe lei, mas não serve né?! Eu fico indignada, mas assustada também. Não sei onde isso vai parar, ou se vou suportar viver num mundo desse jeito!!!
A grande questão é sue um pai que dá uma palmada numa criança de dois, três anos, vai estar lhe dando cacetadas quando ela tiver dez e lhe mostrando uma faca quando tiver quinze. Eu já vi algo assim, e a justificativa era exatamente "educação", quando na verdade, esses pais batiam por querer que a criança, e mais tarde o adolescente, se calasse, já que houve um momento em que ele não aceitou mais a justificativa das agressões.
Talvez, por ter apanhado, essa pessoa tenha se tornado "melhor"? Talvez. Mas por ter aprendido a "lição" ou por medo? Ou ainda por ter entendido o quão abominável é agredir uma pessoa pelo pretenso bem dela?
Eu fico com essa última alternativa. Como eu costumo dizer: as pessoas que defendem a agressão de crianças é porque não foram agredidas.
Ah Adara e tú não sabe a diferença de agressão pra palmada não? Se é tudo igual pra você então não dá nem pragente conversar!
A grande questão é sue um pai que dá uma palmada numa criança de dois, três anos, vai estar lhe dando cacetadas quando ela tiver dez e lhe mostrando uma faca quando tiver quinze.
É ao contrário filha, quem vai mostrar a faca pro pai é quem n levou umas palmadas com 2,3 .
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