O Censo demográfico IBGE/2010 relativo às religiões no Brasil, recentemente divulgado, causou enorme perplexidade. E não é para menos, pois revela uma forte queda no número de católicos.
Tema que não poderíamos deixar passar em branco, pois tem muito a ver com este espaço, destinado a defender a família católica. Portanto, não imitaremos o avestruz, que para não enfrentar o perigo enfia a cabeça na areia, mas vamos encará-lo de frente e com coragem.
Sempre nos deparamos com declarações de senhores bispos sobre uma série de coisas, falando muito mas não dizendo nada; suas palavras não comovem as almas nem convertem os pecadores. Não poderia ser de outro modo, pois eles empregam uma linguagem oca que não repercute no fundo dos corações; uma linguagem “politicamente correta” e, portanto, sem sal; uma linguagem vazia tipo “água com açúcar”, que causa repulsa. Numa palavra: uma linguagem morna que só serve para afastar os católicos. Daí o resultado da pesquisa do IBGE!
Faço uma ressalva sobre as raras declarações de eminentes prelados que ainda usam uma linguagem firme e atraente própria da Igreja Católica como a ensinada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Infelizmente, casos cada vez mais raros. E que, sempre que possível, procuramos repercutir neste espaço — como, por exemplo, o post anterior (Entrevista com o Padre Hélio Luciano, da Universidade de Navarra).
Abaixo segue um artigo que bem elucida esse gravíssimo problema da perda de terreno da Igreja Católica para outras religiões e a razão profunda que levou a este desastre: além da falta de firmeza dos bons prelados, o papel dos prelados, auto-demolidores, da linha “Teologia da Libertação”.
Mas antes de passar ao referido artigo, não resisto em narrar um fato histórico — que cada leitor poderá fazer a aplicação e o comentário que bem desejar — que aplico aos pequenos lamentos de que tomei conhecimento de alguns dos senhores bispos representantes da CNBB.
Em 1492 os Reis Católicos (Isabel de Castela e Fernando de Aragão) conquistaram a cidade de Granada, expulsando finalmente os mouros invasores da Espanha. O rei Boabdil foi obrigado a abandonar o que ele chamava de “Paraíso Terrestre” — o fabuloso palácio do Alhambra — e voltar para a África. Em sua fuga para o mar, teve que passar por uma montanha de onde se tem uma espetacular visão da cidade de Granada e do Alhambra (foto abaixo).
Registra a história que o mouro Boabdil aí parou para dar uma última olhada de despedida da magnífica cidade que perdera. Com aquela visão deslumbrante... começou a chorar... A Sultana Aixa, sua mãe, o repreendeu com estas duras palavras: “Llora como mujer lo que no has sabido defender como un hombre!” Chora como mulher o que não soubestes defender como um homem...
“Em uma década, católicos perdem mais espaço para os evangélicos. — Entre 2000 e 2010, fatia de católicos cai 12% no total da população brasileira; parcela dos evangélicos cresce 43% e de pessoas sem religião sobe 10%”.(2)
Notícias alarmantes, que, entretanto, parece não terem alarmado os Srs. Bispos do Brasil, como veremos.
Essa queda não é algo que aconteceu da noite para o dia, a ponto de pegar os Bispos brasileiros de surpresa; nem algo imprevisível, mas resultado de um processo longo, embora se tenha acelerado nas últimas décadas.
Detenhamo-nos um pouco na análise dos números, para depois investigar as causas desse declínio.
“A maior nação Católica do mundo”
O Brasil foi descoberto e colonizado por Portugal, uma nação católica. Os primeiros missionários foram os Padres Jesuítas ainda cheios do zelo inicial de sua fundação. O catolicismo marcou toda a vida do País, fazendo dele a maior nação Católica do mundo, não só em números absolutos, como também em termos percentuais, em relação às demais religiões.
O crescimento do protestantismo, do espiritismo, de religiões orientais ou afro-brasileiras, bem como do número de pessoas sem religião, foi lento no País até algumas décadas atrás. Em cem anos, segundo os dados do primeiro censo realizado no Brasil em 1872, até os dados do censo de 1970, verifica-se que a proporção de católicos variou apenas 7,9 pontos percentuais, reduzindo de 99,7%, em 1872, para 91,8% em 1970.(3) E ainda assim, segundo sugerem estudos acadêmicos, pelo menos parte desse aumento de não-católicos se deveu à imigração.(4)
A partir dessa última data (1970), o crescimento das demais religiões e a diminuição do numero de católicos acelerou-se de modo acentuado e o último censo que acaba de ser divulgado, correspondente a 2010, revela que a porcentagem dos católicos caiu para 64,6%. Portanto, nos últimos 40 anos, a Igreja teve uma perda de fiéis de quase 30% (precisamente, 27,2%).
Acresce a esse quadro que o número de católicos praticantes nesse mesmo período oscilou entre 5 e 10%.(5)
Ao mesmo tempo, o protestantes passaram de 6,6% em 1980 para 22,2%, sendo que o maior crescimento foi o do Pentecostalismo.
Embora se apresentem razões sociológicas para explicar tal mudança no quadro religioso do Brasil (migrações maciças da zona rural para as periferias urbanas e maior facilidade nos últimos anos de formação de núcleos pentecostais para acolher os desenraizados), tais explicações são superficiais e não pegam o fundo do problema. Tanto mais quanto o aumento protestante pentecostal deu-se também nas zonas rurais do País: em termos percentuais, a maior concentração protestante se verificou em Rondônia (33,8%), um Estado do noroeste do país, tipicamente rural.
Teologia da Libertação: simples coincidência?
É bem evidente que as razões mais profundas que explicam a perda de fiéis pela Igreja Católica são de caráter religioso e devem ser procuradas na crise que abala a Igreja no Brasil (como por quase todo o mundo).
Não é simples coincidência que a aceleração da perda dos fiéis pela Igreja, na década de 1970, se tenha dado ao mesmo tempo em que se disseminavam entre o clero e o episcopado os princípios da Teologia da Libertação. Como essa “teologia” confunde a libertação espiritual com a libertação política, e o estabelecimento do “Reino de Deus” na Terra com a implantação uma sociedade socialista e igualitária, os sermões nas igrejas, em sua maioria, assim como os temas das Campanhas da Fraternidade promovidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), referem-se mais a luta de classes e reformas político-sociais e econômicas do que ao Evangelho.
Tomemos um exemplo concreto. O boletim da Conferência Episcopal assim descreve a Campanha da Fraternidade de 2010 :
“Lema: Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro (Mt 6,24) Tema: Economia e Vida Objetivo Geral: Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”.(6)
Como se vê, não se encontram referências à vida eterna, à salvação das almas, ao pecado, Céu e Inferno. É um linguajar puramente político, de luta de classes, que espanta os fiéis desejosos de ouvir falar das verdades eternas. A referência a “uma sociedade sem exclusão” baseia-se no conceito marxista de que a riqueza dos ricos é constituída mediante a exclusão ou opressão dos pobres. (Sem querermos nos aprofundar, notemos de passagem o caráter “ecumênico” dessas campanhas, que colocam a Igreja Católica não como a única Igreja de Cristo, mas apenas como uma das “Igrejas Cristãs”, entre outras. Isso não facilita o proselitismo das seitas protestantes?).
O hino da Campanha dos Bispos para este ano tem a seguinte estrofe:
“Levem a todos meu chamado à liberdade (Cf. Gl 5,13) Onde a ganância gera irmãos escravizados. Quero a mensagem que humaniza a sociedade Falada às claras, publicada nos telhados. (Cf. Mt 10,27).”(7)
Em suma, a Teologia da Libertação é um veículo religioso a serviço da revolução, conforme a apresentava o Pe. Gustavo Gutierrez, considerado o “pai” dessa corrente, em seu livro Teologia da Libertação, de 1971:
“O homem latino-americano [...] na luta revolucionária liberta-se de algum modo da tutela de uma religião alienante que tende à conservação da ordem.”(8)
Considerando a Santa Igreja uma “religião alienante” (conceito marxista: “A religião é ópio do povo”, na frase de Marx), os teólogos da libertação e seus seguidores procuram construir uma igreja “desalienada”, que tende, não “à conservação da ordem” mas à sua subversão.
A consequência é que os fiéis, cansados dessa “religião desalienada”, revolucionária e materialista, centrada em questões econômicas e sociais, acaba muitas vezes apostatando tragicamente, da única e verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vão procurar alhures as palavras de conforto da religião e de guia para sua vida moral: “A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68).
Acordarão, por fim, os Senhores Bispos brasileiros e se darão conta de que a missão precípua da Igreja não é oferecer solução para os problemas econônicos e sociais, menos ainda procurar estabelecer uma sociedade igualitária, mas sim salvar as almas? Ou continuarão eles enfeitiçados pela miragem utópica da Teologia da Libertação?
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Notas:
1. Denise Menchen-Fabio Brisolla, “Católicos passam de 93,1% para 64,6% da população em 50 anos, aponta IBGE” in Folha de S. Paulo, 29/06/2012 edição on line. http://www1.folha.uol.com.br/poder/1112382-catolicos-passam-de-931-para-646-da-populacao-em-50-anos-aponta-ibge.shtml
2. Artigo “A fé dos brasileiros” In O Estado de São Paulo, 26 maio 2012, edição online. http://estadaodados.com/html/religiao/
3. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo 2010: número de católicos cai e aumenta o de evangélicos, espíritas e sem religião, http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=2170&id_pagina=1.
4. Ver, p. ex., Narcizo Makchwell Coimbra ((Universidade Federal de Goiás)), O protestantismo de imigração no Brasil: “Um dos principais fatores que contribuiu para a propagação da ideologia protestante no país foi o surto de imigração no século XIX .... Constatamos que uma das conseqüências mais importantes do protestantismo de imigração é o fato de que esse ajudou a criar condições que facilitaram a introdução do protestantismo missionário no Brasil.” www.congressohistoriajatai.org/anais2007/doc%20(35).pdf
5. “Censo revela que católicos permanecem maioria no Brasil”, O SÃO PAULO, 03 Julho 2012, http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/?q=node/142144. (Note-se, de passagaem, o tom ainda otimista do órgão da Arquidiocese de São Paulo. )
6. “Campanha da Fraternidade 2010 – Ecumênica”, http://www.cnbb.org.br/site/campanhas/fraternidade/2173-historico-das-cfs.
7. http://cnbb.org.br/site/images/stories/Hinocf2013.pdf. 8. G. Gutiérrez, Teologia da Libertação, Edição brasileira, Vozes, Petrópolis, 1975, p. 67.
2 comentários:
Paz e bem.
Uma das funções dos profetas é a denúncia de erros cometidos por quem quer que seja, veja Natan que criticou o rei Davi. Nos tempos de crise de Israel, no Sec., VIII é que aparece a profecia de Oséias. Profecia que desde o cotidiano das camponesas e dos camponeses denuncia os desmandos do poder, as medidas loucas e ingênuas dos reis.
As campanhas da Fraternidade são, salvo melhor juízo, essa ação de profética de denúncia da Igreja e talvez da Teologia da Libertação.
Espero que essa visão não seja da ala Pentecostal da Igreja Católica.
OS SOCIALISTAS, COMUNISTAS E NIILISTAS SÃO UMA PESTE MORTAL ... Subprodutos: Teologia(Heresia) da Libertação-TL, ditadura do relativismo, neo ateísmo, igualitarismo, aborto, uniões gays, marchas das vadias, fêmen...
Todos os S. Padres desde Pio IX, em 1846, após se certificarem das doutrinas dos socialistas e comunistas de caráter revolucionárias, atéias e marxistas e de pretensos ideais igualitaristas políticos, sociais e até religiosos com homens de todas as religiões, projetaram as mais veementes rejeições e condenações por anti cristianismo, massificação compulsiva e alienação de conteúdo, e complementando o enunciado acima que é do S Padre Leão XIII: ...QUE SE INTRODUZEM COMO A SERPENTE POR ENTRE AS ARTICULAÇÕES MAIS ÍNTIMAS DOS MEMBROS DA SOCIEDADE HUMANA, E A COLOCA NUM PERIGO EXTREMO - Encicl. "Quod Apostolici Muneris".
Assim, sequencial e unanimemente, incluindo-se o S Padre Bento XVI, reitera-o sobre esse mal que nos avizinha, com a sedutora dialética de supostos propósitos humanitários e fraternais em meio a uma diversidade conflitante; em termos, muito cativantes, no entanto, uma infernal cilada; Encicl. "Libertatis Nuntius".
Note-se que nos países onde se instalam, por suposta igualdade e fraternidade praticam toda e qualquer atrocidade para alcançarem seus objetivos de poder opressor, materialista e ateu - os países-prisões como Cuba, Coréia do Norte etc.- os exemplos, e eles orientam-se sob os "10 mandamentos de Stálin", veja-os na net - nos quais se pautam para agir e alcançar as metas: "todos os meios justificam os fins" e "mentir", à consecução dos ideais revolucionários e de poder é "virtude" a se imitar; tinham tempos atrás mais de 100.000.000 de mortos e o número é crescente sempre ao apoderarem do poder; na China, por ex., além de nenhuns direitos individuais, há seguidas denúncias até de macabras indústrias de fetos dessecados, provenientes de abortos, dos quais é mais ativa do mundo, coma as bênçãos de seitas diversas cristãs e da Igreja Católica Patriota Chinesa, versão apóstata da Igreja Católica A. Romana
Os candidatos e partidos socialistas e comunistas são arquiinimigos da Igreja Católica - idem a pretensa Teologia da Libertação-TL e asseclas, como o Boff, Betto, Susin, etc., - por ela os hostilizar por paganizar o mundo; aliás, seus membros apresentando-se como católicos, indo às Eucarístias e até comungando(!) será apenas para angariar votos; também: de acordo com a pressão popular ou conveniência de momento da ideologia socialista mudam de posição; é lembrar do caso do aborto.
Já o S Padre Pio XII, proferiu a seguinte sentença: "DESSE MODO, TODOS OS CATÓLICOS QUE PRESTAREM FAVORES OU SE FILIAREM A PARTIDOS SOCIALISTAS-COMUNISTAS, ESCREVEREM LIVROS FILO-COMUNISTAS OU REVISTAS ESTÃO EXCLUÍDOS DOS SACRAMENTOS; OS QUE DEFENDEREM, PROPAGAREM OU DECLARAREM O MATERIALISMO DOS COMUNISTAS ESTÃO EXCOMUNGADOS AUTOMATICAMENTE." Votar, por ex., é apoiar, defender, propagar, etc. Encíclica " Noscitis et Nobiscum ", de 1849.
Todas as duras condenações e mais reservam-se a católicos desobedientes à Igreja, eleitores de candidatos e de partidos socialistas e comunistas defensores de aborto, pedofilia, uniões gays, indistinção sexual, etc. e que, além dos pecados pessoais e de traição à Igreja, responderão ainda por se associarem ao corpo místico de Satanás, apostasiando-se; aliás, Karl Marx, grande líder comunista, era satanista.
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